Sesa lança Centro de Inteligência Estratégica e avança na gestão baseada em dados do SUS

A Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) lançou, nesta quinta-feira (11), na Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP/CE), em Fortaleza, o Centro de Inteligência Estratégica para Gestão Estadual do SUS do Ceará (Cieges-CE). O anúncio ocorreu durante o Fórum de Saúde Digital, que reuniu gestores estaduais, representantes do Ministério da Saúde, membros do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e dos Conselhos Estaduais de Secretários Municipais de Saúde (Cosems), além de participantes de todos os estados brasileiros acompanhando presencialmente e on-line.

Durante a solenidade, a secretária da Saúde, Tânia Mara Coelho, destacou que o centro torna a gestão estratégica, capaz de apoiar decisões sobre políticas públicas, aberturas de serviços e reorganização da rede com base em evidências. “O Ceará é agora o 16º estado do Brasil a implantar o Cieges. Isso permite que as decisões sejam tomadas com dados fidedignos, que orientam as ações e mostram onde precisamos avançar. Saímos da administração burocrática e entramos em um novo estágio da gestão pública”, afirmou.

A gestora reforçou que o impacto desse modelo já é percebido na prática. “Painéis que acompanham quase em tempo real as cirurgias eletivas, o saldo digital que permite ao paciente visualizar sua posição na fila e a expansão da telemedicina, hoje presente em todo o Estado, com mais de 22 especialidades. Tudo isso reduz o tempo de espera e amplia o acesso da população”, completou.

A coordenadora de Projetos Estratégicos de Tecnologia em Saúde da Sesa, Melissa Medeiros, ressaltou que o lançamento só foi possível porque a gestão estadual consolidou duas diretrizes centrais: transparência e decisões fundamentadas em dados. Segundo ela, o Cieges cria as condições para que a Secretaria avance com segurança, consistência e cooperação. “Nada na Sesa hoje é definido por intuição. A gestão é baseada em fatos e dados. O Cieges fortalece essa diretriz porque organiza e qualifica as informações estratégicas que orientam a tomada de decisão”, explicou.

Melissa também destacou que o Ceará se tornou referência na transferência de tecnologia a outros estados, compartilhando metodologias, códigos e processos desenvolvidos internamente. “Somos uma gestão que acredita no SUS como rede de colaboração, e não de competição. Tudo o que construímos aqui pode ser compartilhado gratuitamente com quem precisar”, afirmou.

Representando o Conass, o gerente nacional do Cieges, Sandro Terabe, contextualizou a iniciativa como resposta a um diagnóstico dos próprios secretários estaduais, que apontaram a necessidade de fortalecer estruturas de inteligência para apoiar a gestão do SUS. Ele lembrou que a transformação digital não se resume ao uso de equipamentos, mas envolve mudança cultural, integração de processos e qualificação da análise de dados. “O Cieges trabalha com dados agregados, anonimizados, para orientar decisões que precisam de escala. Não buscamos saber quem é João ou Maria, mas onde estão os agravos, quais territórios exigem atenção e como melhorar a gestão. Transformação digital é sobre cultura, eficiência e impacto real para a população”, disse.

O gerente estadual do Cieges, Edgar Sampaio, explicou que o Ceará chega a este momento após uma trajetória iniciada ainda em 2019, com a criação da plataforma IntegraSUS, que se tornou referência nacional pela transparência e pela disponibilização de dados automatizados, especialmente durante a pandemia. “Esse novo centro consolida uma estrutura física, técnica e de governança capaz de transformar dados brutos em inteligência aplicada. Ele aproxima gestão e tecnologia e concentra, organiza e qualifica informações estratégicas que ajudam a planejar, monitorar e melhorar processos em todas as áreas da saúde. É um avanço estrutural para a Sesa”, avaliou.

A palestra magna foi conduzida pelo secretário executivo do Ministério da Saúde, Adriano Massuda, que abordou os desafios contemporâneos do SUS e a necessidade de integrar dados, tecnologias e estratégias de planejamento. Ele destacou emergências climáticas, epidemiológicas e a pressão sobre a sustentabilidade do sistema. Para Massuda, centros de inteligência desempenham papel essencial ao ampliar a capacidade de antecipação e resposta. “O SUS precisa ser resiliente e inovador. Os centros de inteligência ampliam nossa capacidade de responder rapidamente, planejar com base em evidências e integrar bases de dados. Também reforçam a importância do cuidado com a saúde mental dos trabalhadores”, observou.

O Fórum de Saúde Digital seguiu com participação expressiva de gestores da Rede Sesa, equipes técnicas de diversas coordenadorias e profissionais de saúde de todo o país. As discussões abrangeram temas como LGPD aplicada à saúde, telessaúde, regulação inteligente e experiências inovadoras de transformação digital, reforçando a natureza colaborativa e nacional do encontro.

O Fórum marcou ainda o lançamento do livro “Transformação Digital no SUS – O que você precisa saber”, publicação que consolida iniciativas e aprendizados dos estados participantes.

O evento continua nesta sexta-feira (12), com visita à sala do Cieges, apresentação de experiências exitosas no Estado e debates sobre os próximos passos da transformação digital na saúde cearense.