No próximo dia 10, a Coordenadoria Integrada de Operações Áreas (Ciopaer) da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) completa 30 anos de muitos serviços prestados à população cearense. Uma trajetória que é narrada pelos nossos primeiros aviadores da Segurança Pública como “brilhante”, embora a forma mais simples de descrever seja um sonho transformado em missão. “A minha história na aviação começa com o desejo. Um dos meus sonhos de criança era ser piloto de caça e eu já dizia: ´se não for caça, vai ser helicóptero´”, narra o coordenador da Ciopaer, o coronel PM Marcus Costa.
“Inclusive, aos 10 anos eu já ´pilotava´”, continua o titular da Ciopaer. “Na verdade, pilotava um galho de mangueira, que era o que eu utilizava para poder brincar de avião Também construia aeronaves com lata de óleo e cabos de vassouras, pois eu não tinha acesso às maquetes de aeronaves. Elas eram caríssimas naquela época”, relembra o coronel. A brincadeira já apontava a própria vocação e a profissão que vinha em seguida. Após ajudas valiosas e algumas “portas na cara”, o sonho pode se tornar realidade, como relatou recentemente para o PodSeg, o podcast da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS).

Hoje, a Ciopaer conta com o trabalho e o suor de 246 homens e mulheres atuando em cinco bases. O fato de operar a partir de unidades em Fortaleza, Sobral, Juazeiro do Norte, Crateús e Quixadá faz com que qualquer atendimento não demore, a partir do momento do acionamento, mais do que 30 minutos, quando todas as bases estão com suas aeronaves em prontidão. Além disso, dispõe da maior e mais moderna frota do Norte-Nordeste e dos melhores equipamentos e da melhor capacitação técnica da região.
São nove helicópteros e um avião a serviço do povo cearense, tornando-a também a 4ª maior frota nacional e a maior frota entre órgãos estaduais e federais de Segurança Pública de aeronaves com dois motores e com capacidade de voos por instrumentos. “A nossa principal missão é atender com eficiência, por meio de múltiplas atividades: do apoio às operações policiais, missões de salvamento e resgate, até o transporte aeromédico”, enumera o coronel Marcus Costa.

Somente em 2025, ainda conforme o coordenador da Ciopaer, já se foram 1.363 horas de voo e 1.134 vezes uma das aeronaves das Forças de Segurança Pública do estado riscou o anil do céu cearense. “Já atuei em várias operações e a sensação é a melhor possível. É um sentimento de dever cumprido com o nosso estado e a nossa população. Me sinto grato em fazer parte dessa história, que está bem perto de celebrar os seus 30 anos”, frisa o inspetor técnico de manutenção, capitão Gleyci Garcia Lima, servidor com mais tempo de atuação na Ciopaer.
Olhando pelo retrovisor da história, parece que os cearenses sempre contaram com a prontidão dos profissionais da Ciopaer. A realidade, contudo, é bem outra. A primeira atividade aérea de apoio à Segurança Pública no Ceará data de 1982. Na ocasião, um Boeing 727-200 da extinta empresa Vasp colidiu contra a Serra da Aratanha, município de Pacatuba, e um helicóptero da estatal Companhia Elétrica do Ceará (Coelce) prestou apoio.

Outras ocorrências, embora de menor gravidade, em 1985, 1987 e 1991, já sinalizavam a importância do estado dispor de um grupamento aéreo especializado pela Segurança Pública. No entanto, foi o sequestro de dom Aloísio Lorscheider por detentos do extinto Instituto Penal Paulo Sarasate (IPPS), em 1994, o ápice de todos aqueles anos. Na época, a “Operação Serra Azul” entrou para a história, como uma das maiores recapturas da história do estado. Os 12 detentos foram recapturados e todos reféns libertados em segurança.
Após o fato, o Governo do Ceará iniciou os projetos de aquisição de aeronaves para a Segurança Pública. Simultaneamente, a Coelce iniciava o processo de privatização e o mesmo helicóptero que atendeu aquela ocorrência em 1982, um HB 350 B Esquilo, foi adquirido e transferido para a Polícia Militar do Ceará (PMCE). A aeronave recebeu o nome de “Raio Uno” e foi incorporada ao Grupamento de Policiamento Aéreo da PMCE (GPAer), criado em 10 de outubro de 1995. A data marca os primórdios da Ciopaer no Ceará.
Em 1997, um novo marco histórico: o primeiro voo realizado por tripulação totalmente policial, sem a presença de pilotos civis. Neste mesmo período, o “Raio Uno” ficou conhecido como “Águia Uno”. Em 2001, o GPAer é incorporado como um Centro Integrado da SSPDC e recebe o nome que a tornou famosa: Ciopaer, que à época significava Centro Integrado de Operações Aéreas. A última mudança estruturante ocorreu em 2007, quando a denominação das aeronaves “Águia” foi substituída por “Fênix”. O pássaro mitológico é uma referência à capacidade de ressurgir das cinzas e se reinventar do quadro de profissionais da Ciopaer, que por sua vez passou ao status de Coordenadoria, com a denominação que tem até hoje.

“Nos primórdios da Ciopaer, eram quatro helicópteros, todos do modelo Esquilo”, relembra o oficial investigador de polícia (OIP), João Vieira Paixão Filho. Com uma equipe de apenas de 90 profissionais, até o próprio contingente dentro das aeronaves era diminuto. “No começo, embarcavam dois pilotos e dois tripulantes. Hoje, conseguimos voar com dois pilotos, um tripulante na porta direita, um tripulante na porta esquerda e um ´fiel´ (posição central)”, narra o OIP João Vieira Paixão Filho.
“A Ciopaer não é só minha casa, é também a minha segunda família”, emenda o policial civil ao relembrar a trajetória que começou em 2001. “Ainda assim, o que posso dizer é que se pudesse voltar atrás, faria tudo do mesmo jeito. Tenho orgulho de servir o nosso estado e de ser respeitado pelos nossos agentes das Forças de Segurança”. Hoje, ele atua no serviço de manutenção aeronáutica, mas ainda lembra a época em que foi tripulante. “Não há preço que pague resgatar pessoas presas às ferragens, ou socorrer crianças em uma situação de emergência, é uma emoção indescritível”, arremata.
Atualmente a frota da Ciopaer é constituída por nove helicópteros, sendo duas aeronaves do modelo AS350 B2 Esquilo, um EC130 B4, um EC135 P2+, três EC 145 C2 e dois H135, além de um avião Cesnna C-210 M Centurion II. Conta ainda com um quadro de pilotos, operadores aerotáticos, mecânicos de manutenção aeronáutica e apoio solo, formados dentro do mais alto padrão técnico e profissional, bem como com profissionais do Samu Ceará (médicos(as) e enfermeiros(as)), denominados de operadores de suporte médico, que atuam na importante missão do serviço aeromádico. Conta ainda com uma vasta gama de equipamentos de última geração, a serem empregados nas várias missões desempenhadas como câmeras de alta resolução com capacidade infravermelho, guinchos elétricos, ganchos de carga, cestos de combate a incêndios, cestos de resgate em altura e meio líquido, além de vasto ferramental para manutenção de aeronaves e equipamentos.
Com atuação marcante não apenas no estado do Ceará, mas também em apoio a outras unidades da federação, como Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Pará e Rio Grande do Sul, a Ciopaer Ceará se destaca no cenário nacional, para orgulho da população cearense.
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